A troca do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que permanecerá no cargo até 31 de janeiro de 2024, não causará turbulência no mercado e será feita de forma tranquila e organizada. Essa é a avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que mantém um diálogo aberto com o líder da autoridade monetária.
Aprovada em fevereiro de 2021, ainda durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a autonomia do BC limitou a influência do Executivo nas decisões relacionadas à política monetária.
Segundo a regra vigente, os mandatos do presidente do BC e do chefe do Palácio do Planalto não coincidem mais. O líder do banco assume no primeiro dia útil do terceiro ano de cada governo. Portanto, o chefe do Executivo só poderá fazer uma troca no comando do BC a partir do terceiro ano de mandato. No caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), isso só ocorrerá em 1º de janeiro de 2025.
Leia também
Haddad confirma meta de déficit zero em 2025, abaixo do prometido com marco fiscal As declarações foram feitas horas antes da entrevista coletiva que oficialmente divulgará os dados do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) do próximo ano; o salário mínimo será de R$ 1.502
“Nós enfrentamos um desafio inédito, que foi conviver com um presidente do BC escolhido pelo governo anterior por quase 2 anos. Nós procuramos fazer isso da melhor maneira possível. Atuamos de forma técnica e responsável, cada um em seu papel e com sua visão de economia”, disse Haddad em entrevista à GloboNews nesta segunda-feira (15).
“Nos quatro casos em que fui consultado pelo presidente Lula sobre os diretores do BC, procurei indicar as melhores pessoas que conhecia, utilizando vários critérios. Não vi nenhum dos quatro membros indicados pelo governo Lula serem questionados, e todos os quatro estão ajudando muito Roberto, o BC e o país”, continuou Haddad. “Eu não acredito que o presidente Lula mudará sua diretriz de escolher grandes e bons nomes para o BC, incluindo o provável substituto de Roberto Campos Neto.”
Recentemente, o próprio Campos Neto afirmou que seria ideal que o governo Lula indicasse o próximo presidente do BC antes do final deste ano, para tornar o processo de transição mais fácil. Nos bastidores, o principal nome para o cargo é o de Gabriel Galípolo, ex-vice de Haddad no Ministério da Fazenda e atual diretor de Política Monetária do BC.
“Roberto tem dito que o nome poderia ser anunciado um pouco antes, não porque ele sairá antes, mas para uma transição mais longa. Eu trouxe essa preocupação a Lula. Tudo está sendo feito de forma civilizada e a transição será muito tranquila”, garantiu o ministro da Fazenda.
Leia também
“O texto está pronto”, afirma Haddad sobre a regulamentação da reforma tributária Inicialmente, a ideia de Fernando Haddad era apresentar os projetos de lei complementar ao Congresso até esta segunda-feira (15), mas sua viagem aos Estados Unidos pode atrasar o cronograma.
The post Para Haddad, a sucessão de Campos Neto no BC será “civilizada” e “tranquila” appeared first on InfoMoney.