O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (18) que a instituição não irá interferir no câmbio em situações de mudanças estruturais. Durante uma entrevista a jornalistas no evento do G20 em Washington, ele declarou que o dólar está em um patamar mais alto e que possivelmente permanecerá assim por um período prolongado.
Campos Neto ainda acrescentou que os Estados Unidos sinalizaram uma alteração no calendário de redução dos juros, que seria adiado devido à persistência da inflação. Segundo ele, a taxa final para o país este ano será mais alta.
O presidente do BC alertou sobre o impacto desse movimento na liquidez dos países, especialmente os emergentes, e defendeu que os organismos multilaterais poderão fornecer financiamento para essas nações. Ele ainda ressaltou que o dólar é uma consequência disso e que a situação do Brasil é diferente, já que o país possui contas externas fortes e um saldo positivo na balança comercial.
Sobre a atuação no câmbio, Campos Neto enfatizou a importância de seguir o “princípio da separação” entre estabilidade monetária, credibilidade fiscal e câmbio flutuante. Ele explicou que o câmbio flutuante funciona como um mecanismo para absorver choques, e que o BC só intervém no mercado quando há disfunções. Não há intervenção para contrariar mudanças estruturais, como no caso dos juros mais altos nos EUA.
O presidente do BC também destacou que as intervenções em momentos de mudanças estruturais criam distorções no mercado. Portanto, a instituição só atua no câmbio para corrigir disfunções, seguindo o princípio da separação e permitindo que o câmbio flutue livremente.