A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou uma carta pedindo a participação política dos cristãos nas eleições municipais de 2024. O documento foi lido durante a 61ª Assembleia Geral, realizada no Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo. Os bispos afirmam que após a ditadura militar, a democracia ainda precisa de cuidados e que o pleito municipal é uma oportunidade de fortalecê-la através do voto.
Na carta, os bispos também expressam preocupação com os extremismos e a intolerância que podem levar a mais violência durante o processo eleitoral. Além disso, eles lamentam a situação de guerras, fome, crime, desemprego, preconceito, corrupção, eventos climáticos, ataques aos povos da Terra Indígena Yanomami e as fake news.
Eis a íntegra da carta:
“Caros irmãos e irmãs do Brasil,
Nós, bispos católicos do Brasil, reunidos na 61ª Assembleia Geral da CNBB, queremos, através desta carta, expressar nossa mensagem para todo o povo brasileiro.
Durante a Assembleia, refletimos sobre nossa missão na Igreja e na sociedade e reafirmamos nossa opção pela defesa integral da vida. O tempo pascal nos lembra da esperança na vitória sobre a morte e nos impulsiona a buscar uma sociedade mais justa e fraterna.
Reconhecemos que o diálogo e o entendimento são fundamentais para superar os desafios do Brasil. As instituições e a sociedade civil devem trabalhar juntas nesse processo. Pedimos que os poderes da República vivam em harmonia e respeitem a Constituição.
A paz é um imperativo em uma sociedade do diálogo. Papa Francisco nos lembra que devemos buscar a paz como forma de combater o ódio da guerra. Desejamos paz para os países em guerra e pedimos que os gastos militares sejam reduzidos para que possamos combater a fome e a pobreza.
Nos entristece ver o crescimento do crime, das milícias, do narcotráfico, da violência nas cidades e no campo, do bullying, do racismo, do feminicídio, do tráfico humano e da exploração sexual de vulneráveis. Também condenamos a corrupção, o nepotismo e o tráfico de influência. Devemos construir a paz através da justiça.
A situação de desemprego e precarização do trabalho também é preocupante. A Igreja se solidariza com os trabalhadores e trabalhadoras que lutam por condições dignas. O Brasil precisa de um novo marco legal que priorize o trabalho e o bem-estar humano, gerando emprego e renda para os jovens.
Enfrentamos também desastres naturais causados pela ganância e ocupação desordenada do espaço urbano. A transição para energias limpas deve respeitar os direitos das comunidades.
Pedimos que todos os brasileiros se unam para defender a vida em sua integralidade e trabalhar por um país que seja economicamente humano, politicamente democrático, socialmente justo e ecologicamente sustentável.”