A tensão crescente no Oriente Médio deve gerar instabilidade nos contratos futuros de petróleo, influenciando diretamente as expectativas para a inflação nos Estados Unidos e, consequentemente, nos juros da maior economia do mundo. Especialistas apontam que essa situação pode restringir a possibilidade do Banco Central brasileiro reduzir a taxa Selic em junho.
O ataque do Irã ao Israel no último sábado (13) foi uma resposta ao bombardeio à embaixada do país em Damasco, na Síria, em 1º de abril, que o Irã acusa ter sido feito por Israel. Especialistas acreditam que a pressão pode aumentar caso haja incertezas sobre a reação de Israel ou uma possível retaliação militar do país. A situação é preocupante, pois a região é responsável por grande parte da produção mundial de petróleo e um conflito maior poderia levar a sanções ou dificuldades na produção e distribuição da commodity.
A possibilidade de um ataque iraniano já havia causado uma alta de 0,79% nos contratos futuros de petróleo na sexta-feira (12), chegando a US$ 90,45 no caso do Brent. Com a escalada do conflito, o presidente de Israel, Isaac Herzog, afirmou que o país tomará medidas para proteger a população.
Além dos impactos no mercado de petróleo, o conflito pode afetar os juros, uma vez que uma possível alta do petróleo pode pressionar a inflação e levar a uma mudança nas expectativas para a redução dos juros nos EUA, que já foi adiada para o final do ano após a alta de 0,4% da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em março, acima da expectativa do mercado, que era de 0,3%.
Os especialistas acreditam que uma piora na situação pode levar o Banco Central brasileiro a sinalizar, na reunião de maio, que a partir de junho o ritmo de corte na taxa Selic será reduzido de 0,50 para 0,25 ponto porcentual. Na última decisão, em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) retirou a prescrição futura (forward guidance) sobre manter o corte de juros em 0,50 ponto porcentual também em junho, devido às incertezas no cenário externo.
Com isso, a expectativa é que a Selic encerre o ciclo de cortes em 9,75% ao ano, acima dos 9% ao ano esperados por parte do mercado. Essa situação pode gerar impactos na atividade econômica, com uma inflação mais alta e juros em elevação, afetando a economia de forma geral.