Investidores do Reino Unido estão ligados nesta quarta-feira para obter as últimas informações sobre os dados de inflação, que darão uma ideia de para onde as taxas de juros podem caminhar este ano. De acordo com os economistas entrevistados pela Reuters, eles preveem que a inflação anual do Reino Unido vai diminuir um pouco para 3,1% em março, abaixo dos 3,4% de fevereiro. Esse é o menor índice desde meados de 2021.
Mas não vamos comemorar ainda, pessoal, porque mesmo com essa queda, a inflação ainda está acima da zona de conforto do Banco da Inglaterra, que é de 2%.
De olho na inflação básica
Não apenas os números regulares, mas a inflação básica, que basicamente desconsidera as variações dos preços de alimentos e energia, também é esperada para dar um pequeno passo atrás, de 4,5% no mês passado para 4,3%. Isso significa que o Banco da Inglaterra pode não ficar muito feliz em reduzir as taxas este ano.
Na semana passada, aqueles que apostam nessas coisas adiaram suas expectativas de um corte nas taxas de junho para agosto. Por quê? Porque os Estados Unidos surpreenderam com uma inflação mais forte do que o esperado pela terceira vez consecutiva.
Terça-feira também é um dia importante, com estatísticas do mercado de trabalho sendo divulgadas. Todos estão de olho nisso porque tem muito a dizer sobre o crescimento dos salários. Os salários altos têm mantido a inflação do setor de serviços um pouco alta demais, em 6,1% em fevereiro.
Mas boas notícias podem estar no horizonte, já que os especialistas acreditam que o crescimento dos salários pode se acalmar um pouco, para 5,5% nos três meses até fevereiro, um pequeno declínio em relação aos 5,6% do período anterior. Isso pode dar aos tomadores de decisão um pouco de espaço para respirar.
A economia do Reino Unido está fazendo uma dança lenta?
Vamos falar do PIB.
Segundo o Escritório de Estatísticas Nacionais, o PIB do Reino Unido subiu apenas 0,1% em fevereiro. É um pequeno aumento, mas está de acordo com o que as pessoas esperavam. Esse número vem após uma pequena queda na segunda metade de 2023, quando a economia encolheu, levando o país a uma recessão técnica.
Mas houve uma pequena vitória em janeiro, com uma revisão do crescimento para cima, para 0,3%. No entanto, nem tudo está melhorando – a produção da construção não estava muito bem, caindo 1,9% em fevereiro. Por outro lado, a produção industrial foi a estrela do show, subindo 1,1% no mesmo mês, mas o crescimento no setor de serviços, que é o grande destaque, mal se moveu de 0,3% para 0,1%.
Alguns economistas não estão muito otimistas sobre uma forte recuperação. Eles acham que pode não ser suficiente para impedir a queda da inflação e das taxas de juros, como está acontecendo nos Estados Unidos.
Na verdade, a inflação britânica caiu mais do que o esperado em março, atingindo o menor nível em quase dois anos e meio, de 3,4%. Mas nos Estados Unidos, os preços subiram mais do que o esperado, atingindo 3,5% esta semana, fazendo com que algumas pessoas repensassem quando os cortes nas taxas de juros podem começar – adiando as previsões de verão para setembro.
E isso tem levado algumas pessoas a se perguntarem se o que está acontecendo com o Federal Reserve fará com que outros bancos centrais, incluindo o Banco da Inglaterra, reduzam o ritmo dos cortes nas taxas de juros, especialmente se o dólar americano começar a se fortalecer.
O Goldman Sachs até ajustou suas previsões na sexta-feira passada, reduzindo sua previsão de cortes nas taxas do Banco da Inglaterra de cinco para quatro este ano, prevendo que eles começarão em junho e depois talvez se tornarão mais frequentes.
Simon French, economista-chefe da Panmure Gordon, conversou no programa “Squawk Box Europe”, da CNBC, e observou que o Banco da Inglaterra gosta de sua independência, mas não pode ignorar as eleições nacionais previstas para este ano.
A pressão está aumentando, especialmente com algumas discussões do partido governante sobre redução das taxas de juros em breve. Ele disse que isso poderia levar o Banco a agir antes que os eleitores votem.
French concluiu apontando que os números mostram que a recessão pode ter acabado, mas ainda não é hora de comemorar. O crescimento do Reino Unido ainda está atrás do ritmo pré-pandemia e atrás dos Estados Unidos, mas está acompanhando grande parte da Europa e mostrando alguma força em áreas como a indústria e a produção de carros.