Governo prepara plano para aumentar oferta de gás natural no país
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta quinta-feira (18) que o governo está trabalhando em um plano para aumentar a oferta de gás natural no país. A ideia é promover um “choque de oferta” por meio da ampliação do acesso à infraestrutura de escoamento e processamento e da redução da reinjeção do gás nos poços.
Durante o evento Gás Week, realizado em Brasília pela agência EPBR, o ministro afirmou que esse choque de oferta será fundamental para viabilizar um preço mais baixo do gás no país e impulsionar o crescimento da economia nacional. Para isso, uma das metas será garantir que as petroleiras privadas tenham acesso aos gasodutos marítimos e unidades de tratamento da Petrobras, o que permitirá uma redução na reinjeção de gás.
Silveira também mencionou a possibilidade de criar um hub que colete o gás natural de outras plataformas, trate e transporte até a costa, diminuindo o volume reinjetado. Essa é uma proposta técnica embasada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Uma das críticas feitas pelo ministro foi em relação à prática da Petrobras de reinjetar cerca de 52% do gás produzido, o que ele considera um desperdício de uma riqueza preciosa para o país. Segundo Silveira, o governo terá coragem de debater esse tema “espinhoso” para aproveitar melhor o gás natural produzido no Brasil.
O governo estima que, nos próximos anos, será possível ter um incremento de quase 150 milhões de m³/dia na oferta de gás por meio de projetos de escoamento e produção, importação e exploração de gás de xisto em terra. Entre as oportunidades, estão o novo gasoduto Rota 3 da Petrobras, o Projeto Raia da Equinor, o Projeto Sergipe da Petrobras, a exploração do gás não-convencional (xisto) em terra, a importação do gás de xisto da Argentina e a produção de biometano.
Em entrevista a jornalistas, Silveira defendeu que seja realizado um amplo debate sobre a exploração de gás de xisto no Brasil para que o país possa pesquisar as reservas e decidir se irá produzi-lo ou não. Ele também afirmou que a importação do gás de xisto da Argentina não é contraditória com o debate sobre transição energética, uma vez que o gás pode ajudar a descarbonizar alguns setores.
A exploração de gás de xisto não é regulamentada no Brasil e já foi alvo de ações judiciais que suspenderam as atividades de exploração em áreas leiloadas pela ANP. Em julho de 2019, o governo do Paraná sancionou uma lei que proíbe o uso da técnica no Estado.
O gás de xisto é explorado nos Estados Unidos por meio de uma técnica conhecida como “fracking”, que consiste em quebrar o solo com água e produtos químicos para liberar o gás e o óleo presos nas rochas. Essa prática é considerada muito danosa ao meio ambiente, mas é responsável por impulsionar o crescimento econômico do país.