O conflito entre a Nigéria e a Binance está gerando alarmes em todo o setor Web3, já que investidores estão retirando seus investimentos, temendo que a hostilidade do governo possa colocá-los em risco. De acordo com Lucky Uwakwe, presidente do Comitê de Coordenação da Indústria Blockchain da Nigéria, o caso contra a Binance está pintando o mercado nigeriano como inseguro para negócios.
Turbulência e Apreensão
Os investidores estão assustados, e isso está evidente.
Uwakwe, liderando um grupo que inclui o Grupo de Usuários de Criptomoedas da Nigéria e outros defensores locais de criptomoedas, revelou em uma entrevista à Cointelegraph que o medo é tangível. Os investimentos estão secando à medida que os apoiadores temem que possam ser os próximos depois que a Binance foi duramente atingida. Os principais executivos da Binance, Tigran Gambaryan e Nadeem Anjarwalla, foram presos na Nigéria em fevereiro deste ano. Eles enfrentaram acusações de manipulação do naira nigeriano e foram acusados de lavagem de dinheiro, aumentando a tensão.
Essa postura rígida do governo pode sufocar todo o cenário Web3 na Nigéria, alertou Uwakwe. Ele foi bastante claro sobre as perspectivas dos executivos da Binance serem libertados – pequenas, a menos que a Binance se esforce para atender às condições internas do governo.
Ele colocou de forma brusca: “As chances são provavelmente de 90-10, 90 para o governo, 10 para os executivos da Binance…” Uwakwe também alertou que mesmo que o tribunal absolva os membros da Binance, o governo pode simplesmente ignorar a decisão. Isso não é novo. É um cenário já visto, onde o governo ignora decisões que não estão alinhadas com sua visão, especialmente em casos sensíveis.
Uwakwe questionou por que não há mais protestos da cena cripto local pelos executivos da Binance. Sua opinião? Se a Binance tivesse se envolvido com associações locais mais cedo, eles poderiam ter tido uma chance de lutar com mais apoio de grupos de pressão e lobistas.
Batalhas Legais e Repressão às Criptomoedas
Em 8 de março, a Binance parou todas as transações no naira nigeriano, após duras críticas do governo, que já havia selecionado a exchange de criptomoedas em fevereiro. É um pouco irônico, considerando que apenas alguns meses antes, em agosto de 2022, a Nigéria foi apelidada de nação mais obcecada por criptomoedas com base em pesquisas no Google por termos relacionados a criptomoedas.
O drama se intensificou quando o governo nigeriano rastreou Anjarwalla até o Quênia depois de sua ousada fuga da custódia. Agora eles estão pressionando por sua extradição para enfrentar suas acusações na Nigéria, com a ajuda da Interpol e da polícia queniana. Fontes da mídia local revelaram que Anjarwalla escapou assim que chegou ao Quênia, ficando fora do radar.
A Comissão de Crimes Econômicos e Financeiros da Nigéria está conduzindo a investigação, acusando ambos os executivos com graves acusações. Mas Anjarwalla não ficou por perto – ele fugiu da Nigéria em 22 de março, pegando um voo de Abuja em uma companhia aérea do Oriente Médio. O problema? Supostamente ele não tinha documentos de viagem válidos, já que seu passaporte britânico ainda estava sob posse das autoridades nigerianas.
A questão subjacente? O naira nigeriano está em queda, e o governo está apontando o dedo para todos, exceto para si mesmos. Eles colocaram a Binance como bode expiatório para a queda do naira, detendo seus funcionários no processo.
Bayo Onanuga, conselheiro do presidente Bola Tinubu, até afirmou que a mudança dos cidadãos para criptomoedas era anti-patriótica e estava sangrando a moeda do país, propondo uma proibição de criptomoedas para conter o fluxo.
As autoridades acusaram a Binance de desviar ilegalmente US $ 26 bilhões da Nigéria, levando à detenção inicial de Gambaryan e Anjarwalla. Enquanto Anjarwalla fugiu, Gambaryan continua lutando contra acusações, incluindo evasão fiscal, lavagem de dinheiro e operação de um serviço financeiro sem licença. Ele se declarou inocente, apoiado por sua esposa e outros que se mobilizaram por sua libertação, coletando mais de 3.000 assinaturas em uma petição.